Na última segunda-feira (17/11), a Câmara Municipal de Bauru realizou a 41ª Sessão Ordinária de 2025. Durante o Rol de Oradores, 12 vereadores usaram a tribuna. Confira o que foi destaque nos discursos:
André Maldonado (PP) deu início à sua fala recomendando que se aproveite o momento de chuvas frequentes para realizar o desassoreamento da lagoa do Rio Batalha - promessa que se estende há vários anos. Depois, ele exibiu uma série de fotos de máquinas e caminhões do DAE parados devido à falta da compra de pneus, e criticou o presidente do Departamento pela falta de planejamento: “Não dá para achar que isso é normal”. Sobre o Projeto de Lei de concessão do serviço de coleta e tratamento do lixo, Maldonado concordou que a tarifa prevista é abusiva, mas ressaltou que o PL não trata exatamente disso, e sim de uma medida autorizativa para a concessão do serviço. O parlamentar ainda salientou que instituir a taxa é prerrogativa do Poder Executivo e que, independente da aprovação do projeto, as críticas não devem ser direcionadas ao Legislativo, já que, de acordo com sua visão, cabe à Comissão de Justiça analisar apenas a legalidade e constitucionalidade da matéria, e não o seu mérito. Ele finalizou criticando a prefeita Suéllen Rosim por não estar aberta ao debate sobre a implantação de uma usina de tratamento de lixo por meio da iniciativa privada: “Sou a favor de tratar o lixo e de limpar as ruas, mas não nos moldes que estamos debatendo”, completou.
Estela Almagro (PT) discorreu a respeito da proposta de concessão do serviço de coleta e tratamento do lixo e analisou os comentários do vereador André Maldonado (PP). Em sua fala, Maldonado argumentou que o Poder Legislativo não foi convidado para a discussão a respeito da mudança e, em razão disso, sofre cobranças indevidas por parte da população. Nesse sentido, Estela afirmou que cabe aos 21 vereadores discutir as consequências negativas dessa movimentação e votar, com o apoio da base da prefeita, pela desaprovação da pauta. Ainda a respeito da tarifa do lixo, a parlamentar criticou a conduta e a visão defendida pela Secretária Municipal de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal, Cilene Chabuh Bordezan, durante a Reunião Pública que discutiu o assunto. Segundo a vereadora, o evento expôs o desejo da Prefeitura de privatizar o maior número de serviços essenciais possíveis, responsabilizando então a prefeita Suéllen Rosim pela falta de transparência nesta questão: “Está somente nas mãos da Chefe do Poder Executivo a fixação da tarifa”, disse, classificando a situação como “desastrosa e desnecessária” e antecipando seu voto contrário ao projeto. Por fim, ela demonstrou sua insatisfação após detalhar duas solicitações, feitas via Artigo 18 da Lei Orgânica do Município, de informações contratuais referentes ao Sambódromo Municipal e a decretos de emergência e/ou de calamidade publicados pelo DAE. Na visão da parlamentar, as devolutivas foram incompletas, o que prejudicou a fiscalização por parte do Poder Legislativo. Ela enfatizou a necessidade de tratar o caso com o gabinete da Prefeita: “Isso é obstrução”, finalizou.
Cabo Helinho (PL) lamentou o acidente ocorrido na rua Alves Seabra, que vitimou um garoto de 14 anos, e disse que seu gabinete havia protocolado um ofício no dia 30 de outubro, solicitando semáforo e estudo de segurança de trânsito para o local. Ele alertou sobre outros locais na cidade que trazem a "sensação de tragédia anunciada", como a Rua Bernardino de Campos. O vereador também denunciou um caso onde duas pessoas fingiram ser agentes de saúde para assaltar casas na Rua Piauí, e orientou os munícipes a sempre solicitarem o crachá para confirmação da identidade de qualquer prestador de serviço público. Em seguida, Cabo Helinho também parabenizou a administração pública pela inauguração da EMEI Apparecida Pereira Pezzatto. Para finalizar, reforçou a importância de o Executivo se preocupar em resolver os problemas da falta d’água durante a época de fartura, e também da contratação de agentes de endemias, em especial no período de chuvas e calor, que contribui para a proliferação da dengue e chikungunya.
Junior Lokadora (Podemos) voltou a tratar da necessidade de contratação de agentes de endemias, após constatar a falta de ação, mesmo após as recentes cobranças realizadas pelo seu gabinete. De acordo com o parlamentar, apesar do número ideal de agentes no município ser de 300 profissionais, o quadro atual fica abaixo dos 240, o que vem prejudicando o atendimento à população. Ele alertou, inclusive, que o número de acidentes com escorpiões e outros animais peçonhentos tende a aumentar nesta época do ano e solicitou atenção do Poder Público para encaminhar soluções. Além disso, o vereador detalhou uma série de reclamações dos munícipes quanto à ausência de telefones fixos em instituições médicas e educacionais, como é o caso da UBS Jardim Chapadão/Mendonça e da EMEF Prof. Waldomiro Fantini. Buscando mudanças, Lokadora solicitou melhorias na sistemática de agendamento e divulgação de informações de interesse público, sugerindo a criação de um portal voltado para cumprir esta funcionalidade: “Uma espécie de Poupatempo da Prefeitura”, explicou, reforçando a importância de informar os procedimentos corretos aos cidadãos. Por fim, o parlamentar criticou o valor gasto pela Prefeitura na locação de 94 veículos. Segundo ele, R$ 7,7 milhões foram gastos no aluguel destes carros no período de 30 meses, o que demonstra falta de eficiência com os recursos financeiros públicos. Somado a isso, também discorreu a respeito da proposta de concessão do serviço de coleta de lixo e condenou o aumento previsto nas despesas dos bauruenses por conta do serviço: “Quem vai pagar é o povo”, lamentou.
José Roberto Segalla (União Brasil) iniciou sua fala cumprimentando o vereador Neto Ranieri, agradecendo-o por assumir seu posto na Câmara durante seu afastamento de um mês. Em seguida, questionou o que apontou como “hábito do Executivo de enviar projetos polêmicos no final do ano legislativo". O vereador questionou a Secretária de Meio Ambiente e Bem-estar Animal, Cilene Chabuh Bordezan, por usar o Marco Regulatório do Saneamento como justificativa para apressar a concessão do lixo, já que o mesmo não é cobrado em outras cidades do Brasil. Segalla também criticou o uso excessivo de vídeos pela prefeita Suéllen Rosim para fazer propagandas, citando um vídeo que mostrava uma calçada com oito ou nove contêineres de lixo. Ele questionou como isso seria possível, já que as calçadas de Bauru não comportam essa montanha de contêineres, e lembrou que o município já teve uma usina de tratamento de lixo e contêineres enterrados, e que o serviço de varrição e limpeza de terreno pode ser feito pela Emdurb. Por fim, o parlamentar se posicionou contra a terceirização do lixo, salientando a seriedade do debate e reforçando que a Câmara não pode ser subserviente aos interesses da Chefe do Executivo: “A responsabilidade é dela. Se a prefeita não tem competência para administrar a cidade, ela deve convocar alguém que saiba”, esbravejou.
Eduardo Borgo (Novo) criticou a conduta e a visão defendida pela Secretária Municipal de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal, Cilene Chabuh Bordezan, durante a Reunião Pública que discutiu o Projeto de Lei que trata da concessão do serviço de coleta e tratamento de lixo. Segundo o vereador, o evento expôs a falta de preparo e planejamento da pasta, assim como evidenciou a falta de sensibilidade de parte do Poder Legislativo com a população: “Podem ter certeza. Se criar essa tarifa de lixo, o cidadão vai lembrar de cada vereador para sempre”, pontuou, alegando que o aumento previsto nas despesas dos bauruenses trará impactos no poder de compra dos munícipes. Na sequência, o parlamentar detalhou como a tarifa será cobrada, caso seja aprovada, e condenou a movimentação em torno da aprovação da pauta. Por fim, também criticou o valor gasto pela Prefeitura na locação de 94 veículos, em valores que somam R$ 7,7 milhões no período de 30 meses. Além disso, enfatizou a falta de qualidade das canaletas de trânsito da cidade, denominadas “sarjetões”: “Já estão esfarelando. Chega de palhaçada”, condenou.
Mané Losila (MDB) parabenizou a prefeita Suéllen Rosim pela inauguração da EMEI Aparecida Pereira Pezzatto e também ao ex-prefeito Clodoaldo Gazzetta, que iniciou o projeto. Ele ressaltou a importância da escola, que estava com problemas estruturais e teve que ser demolida para que um novo prédio fosse construído. Em seguida, o vereador comentou sobre o projeto de concessão do lixo e pontuou sobre o trabalho da Comissão de Justiça, presidida por ele, que realizou uma reunião pública na última terça-feira (11) para acompanhar e fiscalizar o caso. Ele citou a necessidade de obter o estudo da FIP, o edital e o termo de referência, e a planilha de cálculos "esmiuçada e detalhada", para validar e avaliar a origem dos cálculos da tarifa do lixo. Losila também falou sobre o abastecimento de água na região oeste, e afirmou que está acompanhando e cobrando o Poder Executivo sobre a perfuração dos quatro poços, além dos dois reservatórios e adutoras. Ele informou que o poço de contrapartida da construtora Pacaembu está sendo perfurado, e que os demais devem ser licitados ainda este ano. O vereador ressaltou que tem cobrado diariamente o Secretário de Governo, Renato Purini, para que as contratações e as obras sejam entregues ainda neste ano, para que a população não sofra com a falta de água em 2026.
Marcelo Afonso (PSD) comentou a respeito da concessão de atestados médicos pelas Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento e compartilhou sua visão de que Bauru deveria se inspirar em outros municípios, como Chapecó (SC), e implementar normas e regras mais rigorosas para a entrega de atestados médicos: “Atestado responsável”, definiu a proposta. Por fim, o vereador também tratou a respeito da Lei Municipal nº. 7.925/2025, que dispõe sobre o uso de sistema de segurança baseado em monitoramento por meio de câmeras de vídeo nas dependências e cercanias de todas as Escolas Municipais, Unidade de Pronto Atendimento, Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família. Segundo o parlamentar, o Poder Executivo deve priorizar ações que melhorem a qualidade da Segurança Pública na cidade.
Márcio Teixeira (PL) demonstrou preocupação que, com a proposta da concessão do lixo, o custo anual do serviço tenha um aumento significativo para a população, e exigiu "muito diálogo, debate e entendimento" sobre o tema, pois, em sua opinião, é um gasto alto e pode impactar o déficit da Funprev. O vereador também expressou preocupação com a lentidão das licitações da cidade - especialmente em relação ao DAE - e afirmou que, se o Poder Público não tomar uma atitude, a população continuará sofrendo com a falta d'água em 2026.
Natalino da Pousada (PDT) convidou a população para o lançamento do décimo livro escrito pelo bauruense Rafael Moia Filho, chamado “A Síndrome de Macondo”. O evento ocorrerá nesta quarta-feira (19) no Bar Aeroclube. Na sequência, o parlamentar criticou a burocracia em torno da transferência de pacientes entre unidades médicas e citou sua visita ao Pronto Socorro Central, em que atendeu o pedido de uma família que sofria dificuldades para obter atendimento hospitalar. Nesse sentido, ele cobrou mais cooperação entre a prefeita Suéllen Rosim e o Governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Natalino também discorreu a respeito da proposta de concessão do serviço de coleta de lixo e lamentou a falta de diálogo entre a Prefeitura e a Câmara em torno da questão. Ciente das demandas e anseios da população, o parlamentar defendeu a fiscalização intensa pelo Poder Legislativo e enfatizou a importância do debate acerca das vantagens e desvantagens da criação da taxa do lixo: É tecnicamente possível? É economicamente vantajoso? Precisa de estudos”, frisou, argumentando que é necessário cautela antes de alterar qualquer sistemática de funcionamento de um serviço público que gere despesas aos munícipes: “A população está cansada de tantas taxas”, finalizou.
Pastor Bira (Podemos) reforçou a importância da reservação, captação e desassoreamento da Lagoa do Rio Batalha - temas que, segundo ele, têm sido recorrentes em seus discursos nos últimos cinco anos - e de aproveitar o momento de chuvas abundantes para aumentar a reservação. O vereador também voltou a criticar a falta de contratação de agentes de endemia, que, segundo ele, não têm dotação orçamentária, mesmo com mais de 16 mil casos de dengue na cidade. Ele também criticou o aluguel de carros pela Prefeitura, pois, apesar de a frota ser renovada, não há motoristas suficientes para levar os médicos para atender pacientes com moléstias infecciosas nas casas. Depois, Bira anunciou que pretende trazer a Bauru a vereadora mais votada do Brasil, Ana Carolina de Oliveira, mãe de Isabella Nardoni (ela é vereadora na cidade de São Paulo). Ela criou o projeto "Silêncio que Grita", em prol da prevenção e proteção de crianças contra abuso sexual e violência infantil.
Junior Rodrigues (PSD) enfatizou a importância dos projetos sociais bauruenses e reforçou a parceria entre o Poder Legislativo e estas instituições, que oferecem um local seguro de aprendizado e convivência para crianças e adolescentes. Na sequência, defendeu a adoção de tarifa zero no transporte público aos estudantes que realizam as provas do ENEM. Com a última edição finalizada neste domingo (16), o parlamentar explicou que a mudança serve como uma forma de incentivo, se inspirando em municípios vizinhos que executam esta ação. Ciente da quantidade de jovens que prestam o vestibular, o vereador externou seu desejo para que a implementação do transporte gratuito ocorra na cidade a partir de 2026. Além disso, Junior Rodrigues também relembrou da possibilidade de Bauru aderir ao benefício do vale-transporte, que é concedido pelo Governo Estadual aos estudantes do ensino médio e do ensino técnico que estudam no período noturno. Segundo o parlamentar, a proposta do benefício segue no jurídico da Prefeitura há meses. Visto por ele como uma ótima forma de investimento na área da educação, a proposta precisa sair do papel, visando melhorar o acesso e a locomoção dos jovens até as instituições escolares.